top of page

Vício em celular e FOMO em Adolescentes: Como quebrar o ciclo com ciência, afeto e limites conscientes

  • Paloma Garcia
  • 11 de abr.
  • 15 min de leitura

Atualizado: há 6 dias


O brasileiro passa, em média, mais de 9 horas por dia online — sendo cerca de 3 horas e 46 minutos dedicadas exclusivamente às redes sociais, segundo o relatório Digital 2024 (DataReportal, We Are Social & Meltwater). Entre adolescentes e jovens adultos, esse tempo tende a ser ainda maior.

Adolescente com atenção total no celular, simbolizando dependência digital e distração nas redes sociais.

Para muitos pais, cuidadores e educadores, isso tem se traduzido em mudanças perceptíveis no comportamento: irritabilidade frequente, desatenção, alterações no sono, queda no rendimento escolar e até sintomas de ansiedade. Por trás desse cenário, dois fenômenos vêm ganhando destaque nas pesquisas científicas: o FOMO (Fear of Missing Out) e o vício em dopamina digital.


  1. O que é FOMO? Entenda o medo de ficar de fora


O termo FOMO (sigla em inglês para Fear of Missing Out) significa literalmente "medo de estar perdendo algo". Esse medo pode parecer inofensivo, mas quando se torna constante, afeta diretamente a saúde emocional, a autoestima e o comportamento dos adolescentes.

Na prática, é aquele sentimento de que todo mundo está vivendo algo interessante — menos você. Com as redes sociais sempre ativas, esse sentimento se intensifica, pois estamos expostos o tempo todo a postagens de festas, viagens, conquistas e momentos felizes de outras pessoas.


FOMO: mais do que uma simples comparação


Segundo os pesquisadores Andrew Przybylski e equipe (2013), FOMO é um tipo de ansiedade social desencadeada pela percepção de estar excluído ou atrasado em relação aos outros. Isso leva à necessidade de se manter conectado o tempo todo, com medo de “perder” qualquer novidade.


“FOMO é uma desconexão entre onde você está e onde acredita que deveria estar, com base no que os outros parecem estar vivenciando.” — Przybylski, A. K., et al. (2013). Computers in Human Behavior.

Esse sentimento atinge principalmente os jovens porque:


  • A fase da adolescência é marcada pela busca de pertencimento

  • A formação da identidade depende da percepção do olhar alheio

  • A comparação social é mais intensa e frequente


Como as redes sociais amplificam o FOMO


Aplicativos como Instagram, TikTok, Snapchat e até o WhatsApp são alimentados por algoritmos que priorizam conteúdos visualmente atrativos e de alta aprovação social. Ou seja, os jovens estão vendo apenas os melhores momentos dos outros, e não suas dificuldades ou frustrações.


Isso gera um padrão emocional recorrente:


  • Exposição: o jovem vê um post de sucesso, festa ou realização

  • Comparação: surge a sensação de estar “ficando para trás”

  • Ansiedade: aparece o desconforto emocional, irritação, frustração

  • Compensação: ele retorna às redes para aliviar a ansiedade

  • Repetição do ciclo: quanto mais ele consome, mais compara


O FOMO como porta de entrada para o vício digital


Importante: o FOMO geralmente não aparece sozinho. Ele costuma ser o gatilho emocional que inicia o ciclo de uso compulsivo das redes. Quando a ansiedade provocada por “estar perdendo algo” é aliviada pelo uso do próprio celular, o cérebro aprende que voltar às redes é uma forma de recompensa — e isso reforça o hábito, criando dependência.


  1. Dopamina digital: O papel do neurotransmissor do prazer no vício em tecnologia


Você já se perguntou por que seu filho ou aluno parece “viciado” em checar o celular, mesmo sem nenhuma notificação? Por que ele parece inquieto ou distraído quando está offline? Parte da resposta está na forma como o cérebro reage às redes sociais — e, mais especificamente, na atuação de um neurotransmissor chamado dopamina.


A dopamina é uma substância química produzida pelo cérebro que controla nossa motivação, desejo e recompensa. Ao contrário do que muitos pensam, ela não é a responsável direta pelo prazer, mas sim pela antecipação dele.


“A dopamina não é o neurotransmissor do prazer em si, mas do desejo. Ela nos leva a repetir comportamentos que prometem recompensa.” — Linden, D. J. (2011). The Compass of Pleasure

Nos adolescentes, esse sistema é ainda mais sensível, pois o cérebro jovem ainda está em formação, especialmente a parte que regula o autocontrole e a tomada de decisões (córtex pré-frontal).


Como as redes sociais ativam o sistema de recompensa do cérebro?


Aplicativos como Instagram, TikTok e YouTube são projetados para ativar a dopamina de forma contínua e imprevisível. Veja como eles fazem isso:

Mecanismo digital

Como funciona

Efeito no cérebro

Notificações aleatórias

Curtidas, mensagens, seguidores

Criam expectativa e ansiedade (dopamina)

Scroll infinito

Sem fim programado nos conteúdos

Estimula repetição sem percepção do tempo

Feedback social instantâneo

Likes, comentários, compartilhamentos imediatos

Reforçam a busca por aprovação

Recompensas variáveis

Nem toda postagem ou vídeo agrada — o próximo pode ser melhor

Reforço mais forte (como em jogos de azar)


Esse padrão de estimulação imita os mecanismos usados em máquinas caça-níqueis, que fornecem recompensas de forma imprevisível e intermitente — justamente o que mais ativa o desejo de repetir o comportamento.


“O feed infinito e as notificações são equivalentes digitais do reforço intermitente — uma das formas mais potentes de condicionamento comportamental.” — Alter, A. (2017). Irresistible

Como isso se manifesta no comportamento do seu filho?


Sinais que o sistema de dopamina digital está em ação:


  • Seu filho desbloqueia o celular sem perceber

  • Não consegue assistir a uma aula ou jantar em família sem checar o telefone

  • Usa o celular mesmo quando está cansado ou entediado

  • Parece estar sempre esperando algo acontecer


Esses são indícios de que o cérebro dele está condicionado a esperar estímulo constante — e quando não recebe, sente desconforto, ansiedade ou irritação.


Garota jovem entretida com celular, representando o uso intenso de redes sociais por crianças e adolescentes.

O ciclo de reforço dopaminérgico


Esse processo é bem documentado na neurociência comportamental e funciona como um ciclo automático:


  • Estímulo: uma notificação, vibração ou curiosidade

  • Expectativa de recompensa: o cérebro antecipa algo bom

  • Liberação de dopamina: surge uma sensação prazerosa

  • Reforço: o comportamento se repete

  • Tolerância: o mesmo estímulo não satisfaz mais — é preciso mais


Com o tempo, o jovem precisa de estímulos mais frequentes para sentir a mesma gratificação. Isso é o que a ciência chama de dessensibilização dopaminérgica.


O vício digital não é apenas uma questão de tempo de tela — é uma resposta do cérebro a estímulos programados para gerar dependência.


  1. A relação entre FOMO e vício em dopamina: Uma combinação perigosa


Quando um jovem sente que está “perdendo” algo — uma festa, uma conversa, uma novidade entre amigos — o cérebro interpreta isso como uma ameaça social. Essa percepção ativa áreas ligadas à dor emocional, como o córtex cingulado anterior (Eisenberger et al., 2003).


Para aliviar esse desconforto, o adolescente busca reconexão — geralmente acessando as redes sociais. Ao fazer isso, recebe um alívio imediato: dopamina. Isso reforça o comportamento.


“A experiência de exclusão social ativa os mesmos circuitos cerebrais da dor física, o que ajuda a explicar por que o FOMO pode ser tão perturbador.” — Eisenberger, N. I., et al. (2003).

O  ciclo FOMO-dopamina, explicado passo a passo:

Etapa

O que acontece com o jovem

1. FOMO

Percebe que está “perdendo” algo socialmente relevante

2. Ansiedade

Sente desconforto emocional e desejo de pertencimento

3. Reconexão digital

Abre o celular para checar redes e “se atualizar”

4. Recompensa dopaminérgica

Recebe curtidas, mensagens, vídeos – alívio imediato

5. Reforço do hábito

O cérebro aprende que acessar redes reduz o desconforto

6. Reinício do ciclo

Novos gatilhos reiniciam o processo


Esse padrão, segundo a psicologia comportamental, é reforço negativo (evita sofrimento) combinado com reforço positivo (obtém prazer) — o ambiente ideal para formar um hábito automático e emocionalmente carregado.


Evidência científica: esse ciclo muda o cérebro


Estudos com neuroimagem mostram que o uso compulsivo de redes sociais enfraquece o sistema de controle inibitório do cérebro, especialmente em adolescentes. Ou seja, mesmo quando sabem que precisam parar, têm dificuldade real em fazê-lo.


Esse desequilíbrio é comparável ao que ocorre em vícios comportamentais e até dependência química leve.


Impactos desse ciclo no dia a dia do adolescente


  • Queda de rendimento escolar: dificuldade de manter a atenção por longos períodos

  • Isolamento emocional: evita conversas, se fecha, vive “no celular”

  • Autoimagem fragilizada: sentimento constante de “não ser o suficiente”

  • Sono irregular: uso prolongado à noite, dificuldade para “desligar a mente”

  • Tomada de decisões impulsivas: prioriza recompensas imediatas, como o celular, mesmo quando prejudica outras áreas da vida


O ciclo entre FOMO e dopamina digital não é sinal de fraqueza pessoal, preguiça ou rebeldia adolescente. É um padrão emocional e cerebral, que precisa ser compreendido para ser transformado.


Por que os adolescentes são mais vulneráveis?


O cérebro humano continua se desenvolvendo até aproximadamente os 25 anos. Durante a adolescência, o sistema de recompensa (dopamina) está em plena atividade, enquanto a região do cérebro responsável pelo autocontrole e reflexão (córtex pré-frontal) ainda está em amadurecimento.


Isso significa que os adolescentes:


  • Buscam recompensas imediatas com mais intensidade

  • Têm mais dificuldade para resistir a impulsos

  • Sentem maior necessidade de pertencimento

  • Estão construindo sua autoimagem e identidade social


“Adolescentes estão em fase de construção da autoestima e do pertencimento, e por isso são especialmente vulneráveis aos impactos emocionais do FOMO.” — Twenge, J. M. (2017). iGen

  1. Como romper o ciclo: Estratégias comprovadas para reduzir o FOMO e o vício em dopamina digital


Romper o ciclo entre o FOMO (Fear of Missing Out – medo de ficar de fora) e o uso compulsivo da tecnologia digital não é simples, mas é plenamente possível. E a chave para isso está na combinação entre ciência, afeto, limites conscientes e consistência nas pequenas ações cotidianas.


Na adolescência, fase de intensa construção identitária e emocional, o cérebro é especialmente sensível a estímulos sociais — e é justamente aí que o ambiente digital atua. Redes sociais, jogos online, notificações e conteúdos rápidos não apenas capturam a atenção: eles ativam circuitos de recompensa cerebral, sustentados pela liberação de dopamina, o neurotransmissor responsável pelo desejo, antecipação e repetição de comportamentos prazerosos.


Quando o adolescente se vê preso a esse ciclo — estimulado pelo medo de ficar de fora, pela constante comparação com os outros e pela necessidade de validação externa —, instala-se o padrão de uso compulsivo da tecnologia. Não se trata de falta de vontade ou disciplina, mas de um modelo de funcionamento mental reforçado neurologicamente e intensificado emocionalmente.


Esse padrão, apesar de comum, não é inevitável nem irreversível. Com estratégias simples, acessíveis e baseadas em dados cientificos, é possível ajudar adolescentes a reconquistar a autonomia sobre sua atenção, seu tempo e seu bem-estar emocional.


Adolescente introspectivo usando celular, retratando vício em redes sociais e impacto emocional do uso excessivo de tecnologia.

Para isso, pais, educadores e cuidadores não precisam ser especialistas. Precisam, acima de tudo, de:


  • Informação confiável e atualizada sobre comportamento digital e saúde mental adolescente

  • Presença afetiva, escuta empática e diálogo constante

  • Capacidade de oferecer limites com coerência e sensibilidade

  • Disponibilidade para ser exemplo de uso consciente da tecnologia


Perfis comportamentais de adolescentes e a relação com FOMO e dopamina


Nem todos os adolescentes são afetados da mesma maneira pelo uso da tecnologia. Por isso, ao aplicar qualquer estratégia, é essencial observar o perfil emocional e comportamental do jovem. Isso permite personalizar o apoio e oferecer caminhos mais assertivos:


1. Adolescente introvertido: Tende a usar as redes sociais como refúgio emocional, buscando conexão e aceitação em ambientes digitais por dificuldade de vínculo presencial.


2. Adolescente hiperconectado: Busca estímulo constante. Tem baixa tolerância ao tédio e tende a pular rapidamente de conteúdo em conteúdo. Pode apresentar sintomas de ansiedade ou déficit de atenção.


3. Adolescente com baixa autoestima: Faz comparações frequentes com os outros nas redes sociais. Sente-se inferior, pouco interessante ou invisível.


4. Adolescente impulsivo (TDAH, ansiedade, desregulação emocional): Apresenta dificuldade em pausar, esperar recompensas ou manter o foco. A dopamina digital age nesse perfil como um gatilho direto, reforçando ciclos viciosos de uso.


Com esses perfis em mente, todas as estratégias a seguir são estruturadas para serem adaptáveis à realidade de cada jovem.


Estratégia 1: Higiene digital — Como criar um uso consciente e equilibrado da tecnologia


Higiene digital é o primeiro passo para quebrar o ciclo da compulsão por dopamina digital. Ela consiste em ajustar o ambiente e os hábitos de uso da tecnologia para reduzir estímulos automáticos e favorecer a atenção plena.


Práticas recomendadas para higiene digital:


  • Desative todas as notificações não essenciais no celular, especialmente de redes sociais, e-mail e apps de entretenimento

  • Crie zonas livres de tela em casa: sem celular em refeições, quartos, banheiros e durante conversas familiares

  • Combine janelas de uso com o adolescente, com horários definidos para uso de redes (ex: das 17h às 18h)

  • Remova aplicativos mais usados da tela principal para evitar o clique automático

  • Use aplicativos de controle de tempo e bloqueio programado para estabelecer limites que respeitem o equilíbrio emocional


Ferramentas confiáveis para higiene digital:

Aplicativo

Função

Forest

Ajuda a manter o foco: planta uma árvore ao evitar usar o celular

Digital Wellbeing

Monitoramento de uso e controle de tempo de tela (Android)

Stay Focused

Bloqueia apps após um tempo limite pré-definido

Screen Time (iOS)

Relatórios semanais de tempo de tela e bloqueios


“Intervenções simples como o controle de notificações e limitação de horários são eficazes na redução do comportamento compulsivo.” — van Deursen et al. (2015)

Estratégia 2: Mindfulness — Atenção plena para reduzir ansiedade digital


Mindfulness é uma prática cientificamente comprovada que ajuda o adolescente a observar pensamentos e emoções sem reagir automaticamente a eles. É eficaz para lidar com ansiedade, impulsividade e dificuldade de foco — especialmente quando relacionados ao uso de redes sociais.


Formas de praticar mindfulness com adolescentes:


  • Respiração consciente de 3 a 5 minutos antes de dormir ou ao acordar

  • Caminhadas sem celular, com atenção total aos sons, cheiros, temperatura e movimento

  • Alimentação atenta — comer uma fruta devagar, focando na textura, cheiro, gosto e cor

  • Minuto do silêncio ao iniciar o dia, uma aula ou uma conversa em grupo


Aplicativos de meditação com conteúdo para adolescentes:

Aplicativo

Recurso Principal

Insight Timer

Trilhas para ansiedade, foco, sono e autoestima

Meditopia

Meditações voltadas ao bem-estar de jovens e adultos

Smiling Mind

Conteúdo educacional voltado ao contexto escolar e familiar


Estratégia 3: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) — Reprogramando o pensamento automático


A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é altamente recomendada para adolescentes que já apresentam sinais claros de sofrimento emocional associado ao uso de tecnologia.


O que é trabalhado na TCC:


  • Identificação de gatilhos emocionais e comportamentais, como tédio, exclusão social, insegurança ou impulsividade

  • Reestruturação de pensamentos disfuncionais, como “todo mundo tem uma vida melhor que a minha”

  • Exposição gradual à redução do tempo de uso, com metas realistas

  • Aprendizado de técnicas de enfrentamento saudáveis, como substituições, pausas, recompensas reais e respiração


Estratégia 4: Detox digital — Pausas programadas com intencionalidade


Detox digital não significa isolamento digital, mas sim criar espaços de reconexão com o mundo real, onde o adolescente possa reduzir estímulos sem sentir punição.


Sugestões de detox viáveis:


  • Desinstalar os apps mais usados por 3 a 7 dias e observar as mudanças emocionais

  • Implementar o “domingo offline” em família, com atividades reais e tempo sem tela entre 10h e 17h

  • Usar o modo avião em horários estratégicos (durante refeições, estudos ou momentos de descanso)

  • Criar missões coletivas: “Hoje vamos sair por 1h sem celular e depois registrar o que sentimos”


Estratégia 5: Recompensas naturais — Restaurando o prazer real


Um dos principais problemas do vício digital é a relação de dependência da dopamina artificial, gerada por curtidas, notificações e novos conteúdos. Por isso, é fundamental reeducar o cérebro com experiências reais que também liberam dopamina de forma saudável.


Atividades com liberação natural de dopamina:


  • Exercícios físicos prazerosos, como dança, futebol, trilhas, yoga, bike

  • Atividades criativas offline: pintura, música, escrita, culinária, costura

  • Interações sociais presenciais, como jogos de tabuleiro, rodas de conversa, passeios

  • Sono de qualidade, com quarto sem telas e rotina de relaxamento

  • Objetivos concretos e recompensadores: “Hoje vou terminar esse desenho” → dopamina + autoestima


“O cérebro pode reaprender a produzir dopamina de forma equilibrada, com hábitos saudáveis e estímulos positivos reais.” — Meshi et al. (2015)

Estratégia 6: Educação digital crítica — Ensinar o jovem a entender o sistema


Adolescentes que entendem como os algoritmos das redes sociais funcionam se tornam mais críticos, menos impulsivos e menos vulneráveis à comparação social.


Como educar para o pensamento digital crítico:


  • Assista ao documentário “O Dilema das Redes” (Netflix) em família ou na escola

  • Discutir como os algoritmos decidem o que aparece no feed

  • Analisar como o adolescente se sente antes e depois do uso das redes

  • Promover debates ou trabalhos escolares sobre o impacto psicológico das redes


O Papel ativo dos Pais, cuidadores e educadores


Frases que abrem o diálogo com empatia:


  • “O que você sente depois de passar uma hora no Instagram?”

  • “Já ficou com medo de estar perdendo algo importante nas redes?”

    “Você sabia que essa ansiedade tem nome? Se chama FOMO.”

  • “Vamos tentar fazer algo juntos por uma hora sem celular?”


Tabela de ações práticas para adultos:

Ação

Como aplicar

Nomear o problema

“Você está sentindo FOMO. Isso é normal, e podemos lidar juntos.”

Evitar julgamentos

Substitua “viciado” por “sobrecarregado”, “confuso” ou “ansioso”

Propor pausas afetivas

“Vamos cozinhar juntos e guardar os celulares por 1h?”

Oferecer substituições

Caminhada, conversa, leitura, artes, música ao vivo

Reduzir o uso adulto

Dê o exemplo: nada de celular no jantar, na cama ou durante conversas

Buscar apoio profissional

Terapeutas com experiência em adolescência e comportamento digital


  1. Conclusão: Conectados, mas conscientes


A vida digital é parte inseparável da adolescência contemporânea, mas seu uso excessivo e desregulado tem gerado impactos profundos na saúde emocional, no sono, na autoestima e na capacidade de foco dos jovens.


Como vimos, o ciclo entre FOMO e dopamina digital intensifica comportamentos compulsivos e sensação de inadequação — criando um ambiente mental instável, especialmente em uma fase de tanta vulnerabilidade e construção de identidade.

Romper esse ciclo não exige rejeitar a tecnologia, e sim reconectar adolescentes com sua autonomia e senso crítico.


Quando adultos atuam com escuta, presença e limites afetivos, ensinam que é possível usar a tecnologia com consciência — e não ser dominado por ela.


A mudança começa em casa, nas escolas e nos vínculos reais que cultivamos todos os dias, mostrando que estar conectado não significa abrir mão de estar presente.


  1. Indicação de livros


Para entender melhor os desafios enfrentados por adolescentes na era digital, é essencial ter acesso a materiais que abordem o tema com profundidade, ciência e empatia. Abaixo estão listados livros que explicam os efeitos da tecnologia no comportamento jovem, com foco especial em dopamina, comparação social e bem-estar emocional. São obras valiosas para pais, educadores e profissionais que desejam apoiar essa geração com mais consciência.


Irresistível: A ascensão da tecnologia viciante e os negócios de mantê-lo preso

Autor: Adam Alter

O professor da Universidade de Nova York investiga como aplicativos e plataformas digitais são projetados para capturar e manter a atenção — com foco especial em adolescentes. A obra explica o papel da dopamina, os mecanismos de dependência digital e estratégias para recuperar o controle do tempo e da atenção.


iGen: Por que os jovens superconectados de hoje estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes

Autora: Jean M. Twenge

Baseado em décadas de pesquisa, este livro analisa como o uso intenso de smartphones impacta a saúde emocional, os valores e os relacionamentos da geração pós-1995. Traz dados robustos e interpretações acessíveis para pais, educadores e profissionais da saúde.


O cérebro adolescente: manual de sobrevivência para quem convive com adolescentes e para os próprios adolescentes

Autora: Frances E. Jensen

Com base em descobertas da neurociência e na vivência como mãe, Jensen explora como o cérebro adolescente opera, suas vulnerabilidades à impulsividade, vícios e decisões de risco — e como adultos podem apoiar esse processo com empatia e conhecimento.


O cérebro adolescente: o potencial transformador da coragem, criatividade e conexão

Autor: Daniel J. Siegel

Combinando neurociência e práticas de mindfulness, Siegel oferece um guia acolhedor para compreender as emoções e comportamentos adolescentes, fortalecendo o vínculo entre gerações e promovendo crescimento mútuo.


Referências bibliográficas


ALTER, Adam. Irresistible: The rise of addictive technology and the business of keeping us hooked. New York: Penguin Press, 2017.


AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Stress in America™ Survey. Washington, DC, 2023. Disponível em: https://www.apa.org/news/press/releases/stress. Acesso em: 10 abr. 2025.


ANDREASSEN, Cecilie S.; PALLESEN, Ståle; GRIFFITHS, Mark D. The relationship between addictive use of social media, narcissism, and self-esteem: Findings from a large national survey. Personality and Individual Differences, v. 64, p. 288–293, 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2014.06.033.


BROWN, Kirk W.; KASSER, Tim. Are psychological and ecological well-being compatible? The role of values, mindfulness, and lifestyle. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, v. 21, n. 9, p. 584–590, 2018. DOI: https://doi.org/10.1089/cyber.2018.0097.


CARTER, Ben et al. Association between portable screen-based media device access or use and sleep outcomes: A systematic review and meta-analysis. Journal of Youth and Adolescence, v. 45, n. 6, p. 1120–1134, 2016. DOI: https://doi.org/10.1007/s10964-016-0411-2.


CENTER FOR HUMANE TECHNOLOGY. Website institucional. 2023. Disponível em: https://www.humanetech.com. Acesso em: 10 abr. 2025.


CETIC.BR – Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. TIC Kids Online Brasil 2022. São Paulo: NIC.br, 2022. Disponível em: https://cetic.br. Acesso em: 10 abr. 2025.


DATAREPORTAL; WE ARE SOCIAL; MELTWATER. Digital 2024: Global Overview Report. 2024. Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2024-global-overview-report. Acesso em: 10 abr. 2025.


EISENBERGER, Naomi I.; LIEBERMAN, Matthew D.; WILLIAMS, Kipling D. Does rejection hurt? An fMRI study of social exclusion. Science, v. 302, n. 5643, p. 290–292, 2003. DOI: https://doi.org/10.1126/science.1089134.


ELHAI, Jon D. et al. Fear of missing out, need for touch, anxiety and depression are related to problematic smartphone use. Computers in Human Behavior, v. 63, p. 509–516, 2016. DOI: https://doi.org/10.1016/j.chb.2016.05.079.


FUNDAÇÃO TELEFÔNICA VIVO. Juventude Conectada 4.0. São Paulo, 2022. Disponível em: https://fundacaotelefonicavivo.org.br. Acesso em: 10 abr. 2025.


GAZZALEY, Adam; ROSEN, Larry D. The distracted mind: Ancient brains in a high-tech world. Cambridge: MIT Press, 2016.


KHOURY, Bassam et al. Mindfulness-based stress reduction for healthy individuals: A meta-analysis. Journal of Psychosomatic Research, v. 78, n. 6, p. 519–528, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2015.03.009.


KING, Daniel L. et al. Cognitive-behavioral approaches to outpatient treatment of internet addiction in children and adolescents. Psychological Research and Behavior Management, v. 10, p. 133–144, 2017. DOI: https://doi.org/10.2147/PRBM.S114408.


LAMBERT, Kelly et al. Taking a break: The effect of social media detox on anxiety, depression and well-being. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 2022. (Publicação em andamento – University of Bath preprint).


LINDEN, David J. The compass of pleasure: How our brains make fatty foods, orgasm, exercise, marijuana, generosity, vodka, learning, and gambling feel so good. New York: Viking, 2011.


MESHI, Dorit; TAMIR, Diana I.; HEEKEREN, Hauke R. The emerging neuroscience of social media. Trends in Cognitive Sciences, v. 19, n. 12, p. 771–782, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.tics.2015.09.004.


PRZYBYLSKI, Andrew K. et al. Motivational, emotional, and behavioral correlates of fear of missing out. Computers in Human Behavior, v. 29, n. 4, p. 1841–1848, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.chb.2013.02.014.


ROSEN, Larry D. Rewired: Understanding the iGeneration and the way they learn. New York: Palgrave Macmillan, 2010.


TUREL, Ofir; BECHARA, Antoine. A triple-system neural model of adolescent internet use. Frontiers in Psychology, v. 7, 679, 2016. DOI: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2016.00679.


TUREL, Ofir et al. Examination of neural systems sub-serving Facebook “addiction.” Psychological Reports: Disability and Trauma, v. 115, n. 3, p. 675–695, 2014. DOI: https://doi.org/10.2466/18.PR0.115c31z8.


TWENGE, Jean M. iGen: Why today’s super-connected kids are growing up less rebellious, more tolerant, less happy—and completely unprepared for adulthood. New York: Atria Books, 2017.


TWENGE, Jean M.; CAMPBELL, W. Keith. The narcissism epidemic: Living in the age of entitlement. New York: Atria Books, 2018.


VAN DEURSEN, Alexander J. A. M. et al. Modeling habitual and addictive smartphone behavior: The role of smartphone usage types, emotional intelligence, social stress, self-regulation, age, and gender. Computers in Human Behavior, v. 45, p. 411–420, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.chb.2014.12.039.

bottom of page