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Divórcio e coparentalidade: como apoiar o desempenho escolar dos adolescentes após a separação

  • Paloma Garcia
  • 31 de jan. de 2024
  • 13 min de leitura

Atualizado: há 6 dias

A adolescência é um período de transformações intensas — físicas, emocionais e cognitivas. É também uma fase em que o cérebro passa por um processo de reorganização, especialmente nas áreas responsáveis pelo controle emocional, empatia, tomada de decisão e autorregulação (Siegel, 2014; Jensen, 2015).


Quando o divórcio acontece durante essa fase, os efeitos tendem a ser mais complexos e duradouros do que em outras idades. Não se trata apenas da mudança na estrutura familiar, mas da quebra de expectativas emocionais, da insegurança quanto ao futuro e, muitas vezes, do surgimento de conflitos leais (“com quem eu devo ficar?”, “posso amar os dois sem trair nenhum?”).

Ilustração de um coração de papel rasgado simbolizando separação conjugal. Representa o impacto do divórcio na vida familiar.

Esses impactos emocionais têm reflexos diretos no desempenho escolar. Estudos longitudinais, como os conduzidos pela American Psychological Association (APA, 2023) e pela Universidade de Harvard (2021), mostram que adolescentes filhos de pais separados têm maior risco de:


  • Queda no rendimento acadêmico;

  • Dificuldades de concentração e memória;

  • Maior exposição ao estresse tóxico;

  • Desmotivação escolar e evasão.


Entretanto, esses efeitos não são inevitáveis. O fator que mais contribui para a resiliência dos adolescentes em contextos de separação é a qualidade da relação com os pais após o divórcio — especialmente quando há coparentalidade saudável (Amato & Afifi, 2006).

Ou seja: não é o divórcio em si que determina os danos, mas a forma como ele é conduzido e o tipo de apoio que os adolescentes continuam a receber depois da separação.


A boa notícia é que existem formas eficazes de proteger o bem-estar emocional dos filhos e apoiar seu desempenho acadêmico mesmo após o fim da convivência conjugal.


  1. Como o divórcio pode afetar o desempenho escolar dos adolescentes


O divórcio, por si só, não determina automaticamente uma queda no desempenho escolar. O que realmente influencia é como essa separação é vivida pelos adolescentes — especialmente em termos emocionais, relacionais e de estabilidade.


Quando o ambiente familiar passa por rupturas, o adolescente pode experimentar um conjunto de sentimentos complexos: tristeza, raiva, medo, culpa, confusão. Essas emoções, se não forem acolhidas, têm efeitos diretos sobre o cérebro em desenvolvimento, afetando áreas responsáveis pela atenção, memória, regulação emocional e motivação.


Um relatório do Harvard Center on the Developing Child (2017) mostra que altos níveis de estresse emocional — especialmente o chamado “estresse tóxico”, como o vivido em separações conflituosas — podem prejudicar o funcionamento do córtex pré-frontal, impactando a aprendizagem e o comportamento escolar.

Adolescente sentada em um balanço com a cabeça baixa, expressando tristeza e isolamento após a separação dos pais.

Além disso, o divórcio frequentemente vem acompanhado de mudanças na rotina: duas casas, novas regras, menos tempo com um dos pais, possíveis mudanças de escola ou cidade. Essa instabilidade pode dificultar o estabelecimento de hábitos de estudo e prejudicar o senso de segurança emocional necessário para o foco e o aprendizado.


Outro ponto crítico é o impacto na autoestima. Quando o adolescente percebe a separação como uma forma de rejeição, ou se sente responsável pela dor dos pais, pode desenvolver sentimentos de inadequação ou desvalorização pessoal — o que, segundo Albert Bandura (1997), está diretamente associado à redução da autoeficácia acadêmica, ou seja, à crença de que é capaz de aprender e ter sucesso na escola.


O divórcio em si o maior fator de risco, mas sim o nível de conflito entre os pais — especialmente quando esse conflito continua após a separação.

De acordo com o estudo de Paul Amato (2001), adolescentes que vivem em contextos de coparentalidade marcada por disputas e desentendimentos frequentes apresentam maior risco de baixo desempenho escolar, sintomas de ansiedade e até evasão escolar.


Por outro lado, quando pais separados conseguem manter uma relação cooperativa, respeitosa e centrada no bem-estar dos filhos, os impactos negativos do divórcio são significativamente atenuados — e, em muitos casos, superados com maturidade e resiliência.


  1. Coparentalidade: o que é e por que importa


Após o divórcio, a relação conjugal termina — mas a função parental continua. É a partir dessa distinção que surge o conceito de coparentalidade: a capacidade de dois adultos que não estão mais juntos manterem uma colaboração ativa, respeitosa e contínua na criação dos filhos.


Esse conceito, cada vez mais valorizado pela psicologia do desenvolvimento, tem se mostrado um dos principais fatores de proteção emocional e cognitiva para adolescentes que vivenciam a separação dos pais.


Segundo Kelly & Emery (2003), a qualidade da coparentalidade é mais determinante para o bem-estar dos filhos do que o tipo de guarda estabelecido.

Coparentalidade não significa amizade entre os ex-parceiros, mas sim comprometimento mútuo com o desenvolvimento saudável dos filhos. Envolve decisões conjuntas, divisão equilibrada de responsabilidades, diálogo respeitoso e a exclusão dos filhos de conflitos conjugais passados.


Esse modelo de colaboração é especialmente importante na adolescência, fase marcada por transformações emocionais, cognitivas e sociais profundas. Nesse período, os adolescentes precisam de referências consistentes e previsíveis, especialmente quando enfrentam mudanças familiares.


A pesquisadora Susan D. Stewart (2017), em estudo publicado pela National Council on Family Relations, mostra que adolescentes com pais coparentais engajados apresentam maiores índices de desempenho acadêmico, menos comportamentos de risco e maior autoestima.

Além disso, quando os pais conseguem alinhar orientações básicas — como horários, regras de estudo, incentivo à autonomia e apoio emocional — o adolescente experimenta um senso ampliado de estabilidade, mesmo em dois lares distintos.


Por que isso importa? Porque a previsibilidade emocional e a coerência na criação contribuem diretamente para o funcionamento executivo do cérebro adolescente: atenção, planejamento, regulação emocional e resolução de problemas.


Coparentalidade eficaz reduz os efeitos do estresse tóxico e permite que o adolescente foque no que mais importa para ele: crescer, aprender e se desenvolver com segurança.

  1. Estratégias para fortalecer a coparentalidade com foco na educação


Uma das maiores preocupações após o divórcio é garantir que o adolescente mantenha seu rendimento escolar e se sinta emocionalmente estável para continuar aprendendo e se desenvolvendo. Para isso, a coparentalidade precisa se tornar um espaço de colaboração ativa e prática — especialmente no campo educacional.


Co-parentalidade como suporte direto à aprendizagem


Quando os pais, mesmo separados, conseguem atuar como uma equipe na vida acadêmica do filho, os impactos negativos da separação diminuem significativamente. Um estudo longitudinal conduzido por Sandler et al. (2016) indicou que adolescentes cujos pais mantêm uma coparentalidade colaborativa apresentam:


  • Maior engajamento escolar;

  • Melhores resultados em testes padronizados;

  • Menor evasão e repetência.


A base para esses benefícios está na previsibilidade emocional e na consistência nas expectativas educacionais que os adolescentes recebem de ambos os lares.


Superando os desafios da coparentalidade no contexto escolar


Após o divórcio, é comum surgirem divergências entre os pais quanto à disciplina, horários de estudo ou cobrança escolar. A seguir, apresentamos alguns dos desafios mais frequentes — e estratégias práticas para superá-los.


💬 Comunicação dificultada: Muitos pais enfrentam dificuldade em manter conversas neutras e objetivas, especialmente quando a separação foi marcada por conflitos.


Como lidar:


  • Prefira canais escritos e neutros, como aplicativos de coparentalidade ou e-mail;

  • Evite conversar sobre temas escolares na presença do adolescente, para não gerar tensão;

  • Estabeleça uma “zona de foco escolar”, com temas previamente acordados que são prioritários e não-negociáveis.


🔄 Divergência de métodos educacionais: Diferenças entre as abordagens parentais (regras, rotinas, limites) podem causar confusão para o adolescente e interferir na aprendizagem.


Como lidar:


  • Participe de workshops e mediações parentais para alinhar expectativas (como sugerido por Bulduc & Cavrini, 2007);

  • Crie um “acordo escolar” por escrito com decisões consensuais: rotina de tarefas, horários de tela, acompanhamento escolar;

  • Converse com o adolescente, explicando com clareza que há diferenças entre os lares, mas que o objetivo de ambos é o bem-estar e sucesso dele.


🔗 Ferramentas digitais que facilitam a coparentalidade educacional


A tecnologia pode ser uma grande aliada para manter a organização e a comunicação fluindo, mesmo em contextos de pouca proximidade emocional entre os pais:

Aplicativo

Função principal

Cozi

Agenda compartilhada para marcar tarefas, provas, consultas e compromissos.

OurFamilyWizard

Comunicação segura, registro de conversas e gerenciamento de despesas e tarefas.

TalkingParents

Comunicação com registro imutável, ideal para reduzir conflitos.

2houses

Compartilhamento de calendários, finanças, arquivos escolares e mensagens.


🧠 Apoio emocional como parte da rotina de estudos


Não basta focar apenas nas notas. A maneira como os pais se posicionam emocionalmente durante essa fase influencia diretamente na motivação e autorregulação do adolescente. Estudos como o de Steinberg & Silk (2002) mostram que adolescentes que se sentem emocionalmente acolhidos por ambos os pais desenvolvem maior capacidade de concentração e enfrentamento de frustrações acadêmicas.


Algumas práticas simples incluem:


  • Validar sentimentos do filho diante das dificuldades escolares;

  • Demonstrar interesse pelas tarefas e rotinas, mesmo à distância (mensagens curtas de incentivo já fazem diferença);

  • Comparecer a reuniões escolares, sempre que possível, mesmo que em momentos separados.


📣 Comunicação com a escola: uma ponte importante


Ambos os pais devem, idealmente, estar em contato com a escola. Quando isso não é possível, é importante garantir que pelo menos um deles mantenha diálogo constante com professores e equipe pedagógica, informando com sensibilidade o contexto familiar.


A escola pode ajudar mais quando entende o que está acontecendo. E o adolescente se sente mais protegido quando percebe que os adultos ao seu redor estão em sintonia — mesmo que à distância.


  1. Apoio emocional e vínculo com os filhos: a base do sucesso escolar


A separação dos pais pode provocar sentimentos complexos nos adolescentes: insegurança, confusão, tristeza ou até raiva. Quando essas emoções não encontram espaço para serem acolhidas, elas frequentemente se manifestam de forma indireta – como queda no rendimento escolar, isolamento ou desmotivação. Manter o vínculo emocional ativo e positivo com os filhos, mesmo após o divórcio, é um dos fatores mais protetores para a trajetória escolar.


“Adolescentes que mantêm um vínculo seguro com ao menos um dos pais têm melhor desempenho acadêmico e maior regulação emocional.”Harvard Graduate School of Education, 2022

Segurança emocional fortalece a aprendizagem


Segundo o psicólogo Laurence Steinberg, referência em desenvolvimento adolescente, o sucesso escolar está diretamente ligado à percepção de apoio emocional. Sentir-se ouvido, compreendido e respeitado pelos pais cria um ambiente interno de segurança que favorece a motivação e a autorregulação.


A ausência desse vínculo, por outro lado, pode gerar estresse crônico — que, segundo a American Psychological Association (APA, 2021), afeta diretamente funções executivas do cérebro como atenção, memória e tomada de decisão.


Como fortalecer o vínculo emocional no cotidiano


  • Rotinas de conexão: Estabelecer pequenos momentos regulares de escuta (como um café da manhã juntos ou uma ligação no fim do dia), mesmo em dias atribulados.

  • Validação emocional: Reconheça o que o adolescente sente sem tentar corrigir ou minimizar. Frases como “entendo que isso esteja sendo difícil pra você” ajudam mais do que conselhos imediatos.

  • Presença participativa nos estudos: Mostrar interesse real pelas atividades escolares — perguntando sobre provas, ajudando a organizar tarefas ou comparecendo às reuniões escolares — fortalece a noção de apoio prático e emocional.

  • Separar o conflito conjugal da relação parental: Evite envolver o adolescente nas tensões entre os pais. Ele precisa se sentir filho de ambos, e não árbitro do conflito.


Cuidado com a sobrecarga emocional


Muitos adolescentes acabam assumindo, sem perceber, o papel de “pacificador” ou “mensageiro” entre os pais — o que os sobrecarrega emocionalmente. Isso pode comprometer tanto a saúde mental quanto o desempenho acadêmico.


Sinais de alerta incluem:


  • Falta de motivação para ir à escola;

  • Ansiedade excessiva antes de provas ou apresentações;

  • Dificuldade de concentração ou insônia.


Nestes casos, a escuta atenta dos pais e, se necessário, o encaminhamento para um psicólogo são fundamentais.


“O cuidado emocional consistente é mais eficaz do que qualquer reforço escolar isolado.”Daniel J. Siegel, psiquiatra e autor de “O cérebro adolescente”

Dicas práticas que funcionam


  • Criar uma rotina simples de troca de mensagens de incentivo antes de provas;

  • Fazer um “diário de gratidão escolar” compartilhado, onde ambos escrevem algo positivo da semana;

  • Enviar bilhetes ou áudios curtos que reafirmem confiança no potencial do filho;

  • Reconhecer o esforço, não só as conquistas (“Vi que você estudou com foco hoje — estou orgulhoso de você”).


A combinação entre presença emocional, escuta ativa e interesse real é o que mais fortalece o adolescente para manter o foco e a autoestima mesmo em meio às mudanças familiares.


  1. A escola como parceira no processo


Durante e após o divórcio, a escola pode se tornar um dos principais espaços de estabilidade emocional e relacional para o adolescente. Para muitos jovens, o ambiente escolar representa uma rotina preservada, onde vínculos com colegas e educadores seguem ativos — e isso é especialmente valioso em tempos de mudança familiar.


Contudo, essa proteção só se concretiza quando a escola é devidamente informada sobre o contexto familiar e pode agir com sensibilidade e suporte.


O papel da escola: acolhimento e escuta ativa


Adolescente sentado em escadaria com mochila e expressão de angústia, representando sinais de sofrimento emocional após separação dos pais.

Educadores e orientadores não estão no lugar dos pais, mas têm um papel importante na construção de um ambiente seguro. Segundo pesquisa da Fundação Lemann (2021), escolas que atuam em parceria com famílias em situação de vulnerabilidade (como separação, luto ou mudanças significativas) observam:


  • Maior engajamento dos alunos;

  • Redução de conflitos e evasão;

  • Melhor desempenho em avaliações.


“Adolescentes que se sentem emocionalmente seguros na escola mostram maior capacidade de aprendizado e interação social positiva.”UNESCO, Relatório Global de Educação, 2020

Por que é importante que a escola saiba?


Embora muitos pais temam “expor” os filhos ao compartilhar o divórcio com a escola, o silêncio pode ser mais prejudicial. Professores e coordenadores que desconhecem a situação familiar podem interpretar mudanças de comportamento como desinteresse ou rebeldia, quando na verdade são expressões de sofrimento emocional.


O que a escola precisa saber:


  • Que houve uma separação recente e quem são os responsáveis legais;

  • Com quem o adolescente mora e como está estruturada a rotina;

  • Se há alguma instabilidade emocional visível ou episódios delicados recentes (como crises, choro frequente, isolamento);

  • Se há profissionais envolvidos no suporte (terapeuta, psicopedagogo, etc.).


Como manter a parceria com a escola ativa


  • Manter um canal direto de diálogo com a coordenação pedagógica (e-mail, agenda digital, reuniões presenciais);

  • Participar juntos, quando possível, de reuniões escolares, mesmo que de forma alternada;

  • Não usar a escola como campo de disputa: evite expor o adolescente ao confronto entre pais em ambientes escolares;

  • Ouvir os professores com abertura: mudanças de comportamento, queda de desempenho ou conflitos com colegas podem ser sinal de que o adolescente precisa de acolhimento mais próximo.


Uma parceria bem construída entre família e escola funciona como uma rede de segurança — ampara o adolescente, protege seu bem-estar e favorece sua trajetória acadêmica.

  1. Quando buscar ajuda profissional: sinais de alerta e caminhos possíveis


Mesmo quando os pais se esforçam em manter uma comunicação respeitosa e um ambiente seguro, o divórcio pode gerar impactos emocionais significativos nos adolescentes. Alguns jovens conseguem elaborar as mudanças com mais facilidade, mas outros podem apresentar sintomas que exigem atenção especializada.


Sinais de alerta: quando o sofrimento deixa de ser silencioso


É esperado que adolescentes expressem tristeza, raiva ou confusão diante da separação dos pais — essas são reações naturais. No entanto, quando esses sentimentos persistem ou se intensificam, é fundamental considerar apoio externo.


Sinais que indicam a necessidade de ajuda profissional:


  • Queda acentuada no rendimento escolar;

  • Apatia, isolamento ou desinteresse por atividades antes prazerosas;

  • Irritabilidade intensa ou crises de raiva frequentes;

  • Distúrbios do sono ou alimentação;

  • Comportamentos autolesivos ou falas sobre não querer viver;

  • Sintomas de ansiedade ou depressão (ex.: taquicardia, medo intenso, choro recorrente).


Segundo a American Academy of Pediatrics (AAP, 2019), adolescentes expostos a divórcios mal geridos têm risco aumentado de desenvolver transtornos emocionais, especialmente quando não têm espaço seguro para expressar o que sentem.

Quem pode ajudar?


Existem diferentes profissionais capacitados para acolher e orientar famílias em transição:


  • Psicólogos e terapeutas familiares: ajudam a processar o luto da separação e reorganizar a dinâmica familiar;

  • Psicopedagogos: atuam diretamente nas dificuldades de aprendizagem e atenção que surgem em contextos de estresse;

  • Orientadores escolares: podem servir de ponte entre família e escola, identificando dificuldades acadêmicas e comportamentais;

  • Terapeutas de adolescentes: oferecem espaço seguro para que os jovens expressem suas emoções com liberdade e sem julgamento.


A importância da orientação parental


Muitas vezes, os pais focam tanto no sofrimento dos filhos que negligenciam o próprio desgaste emocional. Nesses casos, a orientação parental se mostra uma ferramenta poderosa.


O que é orientação parental? Trata-se de um processo terapêutico voltado exclusivamente aos pais, que tem como objetivo desenvolver estratégias educativas, fortalecer o vínculo familiar e lidar com os desafios emocionais da parentalidade em momentos de crise.


“Pais que se sentem escutados e amparados emocionalmente têm mais recursos internos para acolher seus filhos.”Daniel J. Siegel, psiquiatra e autor de "O cérebro da criança"

A orientação parental pode ajudar os adultos a:


  • Compreender os impactos emocionais da separação nos filhos;

  • Evitar armadilhas como a parentalidade culpada ou permissiva;

  • Manter consistência e firmeza emocional mesmo em momentos de tensão;

  • Promover uma comunicação mais empática e funcional entre os pais.


Buscar ajuda não é sinal de fracasso — é sinal de maturidade, cuidado e compromisso com a saúde emocional da família como um todo.


  1. Livros recomendados para pais, mães e profissionais sobre divórcio, coparentalidade e parentalidade consciente


Selecionei obras que abordam, com profundidade e linguagem acessível, os impactos do divórcio na vida familiar e escolar dos adolescentes. Esses livros oferecem apoio prático e emocional para quem deseja fortalecer vínculos mesmo diante da separação, focando na coparentalidade, no bem-estar dos filhos e no autoconhecimento parental.


Separação saudável, filhos estáveis

Autora: Annie Rehbein de Acevedo

Um guia direto e empático que apresenta 50 princípios fundamentais para manter o equilíbrio emocional dos filhos durante e após o divórcio. Ideal para quem busca estratégias claras e acolhedoras.


Filhos do divórcio

Autora: Judith Wallerstein

Clássico da psicologia familiar, com base em estudos longitudinais sobre os efeitos de longo prazo do divórcio. Uma leitura essencial para compreender o impacto emocional da separação na infância e adolescência.


Como ficou minha família depois da separação dos meus pais

Autora: Denise Pereira Alves de Sena

Um olhar contemporâneo e sensível sobre os novos formatos familiares pós-divórcio, trazendo reflexões sobre vínculos, presença e afeto. Indicado tanto para pais quanto para adolescentes.


Parentalidade consciente – Guia para educar filhos com empatia, presença e limites claros

Com base na psicologia transpessoal e na neurociência do desenvolvimento, a autora propõe um modelo de parentalidade centrado no autoconhecimento e na escuta ativa — especialmente útil em contextos de separação.


Famílias Coparentais – Construindo arranjos afetivos, legais e saudáveis após a separação

Autora: Nathália Campos Valadares

Um livro pioneiro no Brasil que trata da coparentalidade sob as perspectivas jurídica, psicológica e afetiva. Traz orientações práticas para construir acordos parentais duradouros e protetivos.


  1. Conclusão – Separação não precisa significar desconexão


O divórcio é, sem dúvida, uma experiência de transição significativa na vida familiar, especialmente durante a adolescência — fase em que as emoções, as identidades e os vínculos estão em constante transformação. No entanto, como demonstrado ao longo deste artigo, a separação conjugal não precisa representar uma ruptura dos laços afetivos e educativos entre pais e filhos.


O que faz a diferença, segundo estudos contemporâneos em psicologia do desenvolvimento e educação, não é a estrutura familiar em si, mas a qualidade das relações, a segurança emocional oferecida e a capacidade dos pais de manter uma coparentalidade colaborativa e respeitosa.


Quando pais divorciados conseguem manter comunicação não conflituosa, rotinas consistentes e apoio mútuo na vida escolar dos filhos, os efeitos negativos do divórcio podem ser significativamente minimizados — e até mesmo transformados em oportunidades de fortalecimento de vínculos e aprendizado emocional.


Cuidar do vínculo, validar emoções e buscar caminhos construtivos para a parentalidade após o divórcio é uma escolha que requer consciência, compromisso e, muitas vezes, apoio profissional. Mas é, acima de tudo, uma escolha possível — e profundamente transformadora.



Referências Bibliográficas


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BANDURA, Albert.Self-efficacy: The exercise of control. New York: Freeman, 1997.


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JENSEN, Frances E.O cérebro adolescente: manual de sobrevivência para quem convive com adolescentes. Rio de Janeiro: Fontanar, 2015.


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SIEGEL, Daniel J.O cérebro adolescente: o potencial transformador da coragem, criatividade e conexão. São Paulo: Ágora, 2014.


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